Você já ouviu falar sobre a teoria do apego?
John Bowlby, psiquiatra e psicanalista britânico, é o autor da teoria do apego. Ele a desenvolveu entre as décadas de 1950 e 1960 com o objetivo de compreender os efeitos da separação dos pais sobre os filhos. Essa teoria continua sendo uma das maiores referências para estudiosos que investigam como os seres humanos se relacionam.
Em resumo, a teoria do apego de Bowlby destaca a importância de um vínculo seguro com pelo menos um cuidador principal para o desenvolvimento emocional e social adequado das crianças. Segundo ele, o apego é crucial “do berço ao túmulo”. Esse vínculo inicial com nossos pais molda um modelo a partir do qual construímos e interpretamos nossos relacionamentos ao longo de toda a vida. É como se fosse a base sobre a qual edificamos nossas conexões emocionais e sociais. Crianças e outros mamíferos evitam a todo custo ser separados dos pais por causa da proteção e dos cuidados necessários que garantem a sobrevivência.
Quando uma criança se sente amada e segura em seu relacionamento com o cuidador principal, ela tende a explorar o mundo com confiança e a interagir de forma sociável com outras pessoas. Por outro lado, se essa segurança não está presente, a criança pode manifestar ansiedade e buscar constantemente a proximidade com o cuidador. É um lembrete importante de como nossas primeiras experiências moldam nosso desenvolvimento emocional e social ao longo da vida.
Falamos sobre "cuidador", pois em nossa sociedade atual muitas vezes os pais falham miseravelmente nessa missão se tornando até mesmo os responsáveis por violar a segurança emocional de uma criança. As consequências podem ser profundas e duradouras. Essas experiências podem afetar o desenvolvimento da criança de várias maneiras: causando traumas e estresse, ditando um modelo de relacionamento e comportamento futuros totalmente distorcidos e disfuncionais, além de minar a autoestima e autoconfiança da criança bem como sua saúde mental. O problema ainda é maior quando se torna parte de um ciclo que se perpetua de geração em geração.
Pesquisadores afirmam que existem três características do cuidado parental que impactam a vida social das crianças até a idade adulta: que seja seguro, que seja estável e que seja compartilhado. Estar disponível para atender às necessidades das crianças, validar as suas emoções, envolver-se nos seus interesses e conviver com elas são algumas das dicas que os psicólogos dão para criar um apego seguro com elas. É claro que desenvolver um apego seguro na infância é apenas um dos muitos fatores que contribuem para relacionamentos saudáveis e felizes. Existem outras variáveis sociais e emocionais que são tão ou mais importantes.
É importante lembrar que cada criança é única, e as respostas individuais variam. Alguns podem superar essas experiências com resiliência e apoio externo, enquanto outros podem precisar de intervenção profissional para lidar com os efeitos adversos. O papel de outros adultos de confiança, como professores, familiares ou terapeutas, pode ser fundamental para ajudar a criança a se recuperar e a construir relacionamentos saudáveis no futuro.
O papel de pessoas que se importam e querem contribuir da melhor maneira para a superação de crianças e adolescentes que passaram por diversos traumas é apoio fundamental neste processo. Por isso o objetivo do Projeto AMAR Voluntários é ajudar a construir boas lembranças e transmitir as melhores emoções, contribuindo para autoestima e segurança emocional para que essas crianças possam desenvolver bons relacionamentos ao longo de suas vidas.
Adaptado de artigos e pesquisas sobre relacionamentos infantis à luz da teoria do apego.
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